Por Daniel Nascimento trabalha com Delphi há 3 anos, desde a versão 5.0. Atualmente é Analista/Desenvolvedor de aplicações cliente/servidor e aplicações multicamadas com acesso a banco de dados SQL Server e Oracle.
Apesar de já ter sido lançado há algum tempo, o Octane, ou se preferirem Delphi 8.0, farei um breve comentário sobre sua plataforma.
Para os apaixonados pelo Delphi e pela VCL! Uma surpresa... a Borland anunciou o release candidate do próxima versão do Delphi, que foi nomeada DiamondBack. Irei esperar algum tempo, até que sejam divulgadas maiores informações sobre esta versão para comentar com todos vocês, mas adianto... A promessa é de integração na mesma IDE, do desenvolvimento VCL e .NET.
Depois de uma longa espera e de muitas especulações sobre o que estaria por vir, a Borland finalmente liberou a nova versão de seu produto mais popular entre os desenvolvedores brasileiros, cujo nome completo passou a ser Delphi 8 for the Microsoft .NET Framework. Para a escrita deste artigo, usamos a versão Architect , que é a mais completa de todas. A versão mais simples agora é a Professional - não existe mais a Standard - e a intermediária é a Enterprise.
Neste artigo, por questões de espaço, vamos nos limitar aos aspectos principais da nova versão do Delphi, mas existem muitos recursos interessantes que podem ser melhor detalhados em outra ocasião, como os componentes ECO e a suíte ComponentOne, bem como uma abordagem mais detalhada do que vem a ser a plataforma .NET.
DELPHI .NET
A primeira pergunta é: este é o Delphi .NET? Resposta simples e direta: sim, este é o Delphi .NET. E a outra pergunta poderia ser: mas o que é .NET? É possível explicar fazendo um retrospecto bem resumido. A primeira versão do Delphi era Win16, compilava código para o Windows 3.1. O Delphi 2 introduziu um compilador Win32 (na época, Windows 95), que continuou evoluindo até o Delphi 7. No Delphi 8, o compilador agora gera código para .NET, que é a nova plataforma da Microsoft para desenvolvimento em ambiente Windows e que traz mudanças muito significativas nesta área. De imediato, isso significa que é preciso ter o framework (similar ao conceito de runtime) do .NET 1.1 instalado na máquina para que qualquer aplicação escrita em Delphi 8 possa rodar.
Para facilitar as coisas, o framework já vem embutido no próprio CD de instalação e já é componente padrão de qualquer Windows 2003. Vale salientar que, embora o framework .NET seja compatível com o Windows 98, ME e similares, as versões mínimas recomendadas para obter uma boa performance são o Windows XP ou o Windows 2000 (estes são os pré-requisitos para o Delphi). Uma outra alternativa seria baixar o arquivo de instalação do framework (com cerca de 23 MB) no próprio site da Microsoft:
http://msdn.microsoft.com/netframework/technologyinfo/howtoget/default.aspx
O QUE MUDOU
Muitas coisas mudaram significativamente nesta nova versão do Delphi. A aparência do ambiente de trabalho lembra mais a do Visual Studio.NET e suas janelas MDI, em vez do antigo SDI e suas janelas flutuantes. A paleta de componentes também mudou de lugar e de aspecto. Mas é apenas uma questão de tempo até se acostumar. Para aqueles que já tiverem se aventurado no Visual Studio.NET, as coisas certamente parecerão mais familiares.
TIPOS DE PROJETOS
Ao entrar no ambiente e tentar iniciar um novo projeto, o desenvolvedor será confrontado com muito mais escolhas do que antes: VCL Forms, Windows Forms, .NET Web Service, ASP.NET, ECO Windows Forms, etc.
Para saber qual delas escolher, é preciso ter conhecimento prévio de algumas coisas: VCL Forms é o nome que a Borland deu à nova versão da VCL. Na prática, é o tipo de aplicação que vai proporcionar maior compatibilidade com os projetos anteriores e deixar os programadores oriundos do Delphi 7 mais à vontade com o novo ambiente.
Já as aplicações Windows Forms são as que proporcionam maior conforto para quem estiver vindo do C# ou do VB.NET. A biblioteca Windows Forms é o padrão que a Microsoft liberou com a plataforma .NET para a escrita de aplicativos stand-alone. Ao selecionar Windows Forms, entretanto, o programador não terá acesso a alguns dos componentes mais populares do Delphi, como o Rave Reports, o Indy e o IBX, portanto é preciso ponderar bem qual tipo de aplicação desenvolver.
BANCOS DE DADOS
A principal mudança nesta área é a introdução do ADO.NET, middleware padrão que substitui o ADO clássico. O ADO.NET tem um modelo muito interessante e consistente de acesso a bancos de dados que vale a pena conhecer e explorar. Porém, a Borland manteve seus middlewares antigos, inclusive o BDE.
Existem, contudo, algumas separações importantes. Para dar um exemplo, não é possível utilizar o novo Borland Data Provider (BDP, que é um encapsulamento para o ADO.NET) numa aplicação VCL. Da mesma forma, não é possível utilizar o dbExpress numa aplicação Windows Forms. Portanto, chamamos a atenção mais uma vez para a necessidade de escolher bem o tipo de aplicação a ser desenvolvida logo no início e ficar atento a esses e outros detalhes.
A Borland fornece – junto com o BDP – os drivers de acesso para todos os servidores de bancos de dados comerciais mais populares, como o Oracle, SQL Server, Interbase e DB2. Qualquer outro driver de acesso ADO.NET poderá ser usado com o Delphi, mas é preciso chamar a atenção para o fato de que esses drivers não serão usados em conjunto com o BDP. Em se tratando de bancos Open Source, os principais nomes nesta arena – Firebird, MySQL e PostgreSQL – já contam com seus drivers gratuitos (também há alternativas comerciais) e disponibilizam, como de praxe, o código fonte dos mesmos.
DESENVOLVIMENTO WEB
Neste quesito, foi dado um grande salto qualitativo. O Delphi agora tem um editor nativo de formulários HTML, sem precisar recorrer a componentes de terceiros. Por motivos óbvios, o desenvolvimento web está voltado agora especificamente para ASP.NET e se vale do conceito de web forms. O IntraWeb, componente utilizado na versão anterior, não faz mais parte do pacote padrão do Delphi.
A criação de web services pode ser feita com muita facilidade, tirando proveito de tudo que o framework .NET disponibiliza, como gerenciamento de comunicações entre componentes, objetos de manipulação de dados em XML, etc.
O desenvolvimento de aplicativos web com acesso a bancos de dados evoluiu muito, de modo que é possível utilizar o BDP, o OleDB ou qualquer outro encapsulamento para o ADO.NET de maneira simples e direta. Com este novo ambiente, é possível criar formulários ASPX de maneira similar aos formulários de aplicativos stand-alone, com orientação a eventos e também orientação a objetos, já que a linguagem utilizada é a do Delphi mesmo (anteriormente conhecida como Object Pascal), sem precisar recorrer a linguagens de script.
FUTURO
É de se esperar que a Borland trabalhe no sentido de fazer uma convergência maior entre os diversos tipos de aplicativos hoje disponíveis no novo Delphi 8. Como se trata de um produto migrando para uma plataforma diferente, sempre existem muitas arestas a aparar.
A Borland diz que vai continuar dando suporte ao Delphi no âmbito do desenvolvimento para Win32. Sua estratégia neste sentido, entretanto, ainda não está muito clara e isso pode deixar muitos desenvolvedores inquietos. No intuito de tranqüilizar a comunidade, a empresa promete esclarecer e divulgar seus planos sobre o assunto no início de março deste ano. Por enquanto, a política adotada é a mesma que foi usada com o Delphi 1: o Delphi 7 vem embutido no pacote do Delphi .NET, mas num CD separado e deve ser instalado à parte.
O Delphi 8 é uma grande ferramenta. Nesta nova versão, muitos conceitos mudaram com a introdução da plataforma .NET, de forma que será necessário que o desenvolvedor procure se inteirar melhor sobre o assunto para poder explorar ao máximo as novas possibilidades de criação de aplicativos.
Bem pessoal é isso aí... Agora vocês conhecem um pouco sobre o Delphi 8.0. Estarei abordando alguns assuntos sobre esta tecnolgia futuramente. Aguardem!